OBEDECER É MELHOR DO QUE SACRIFICAR

OBEDECER É MELHOR DO QUE SACRIFICAR


Sabei isto, meus amados irmãos:

Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.

Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal, recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas. E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Nasce Um Rei!

Nasce Um Rei!

Marcel Malgo
Em Lucas 1.26-33 o evangelista relata: “No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo. Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim”.
Cada um dos escritores dos quatro evangelhos colocou uma ênfase especial em seu livro, mesmo que todos eles proclamassem a mesma mensagem:
  • Mateus fala de Cristo, o Rei.
  • Marcos mostra Cristo, o Servo.
  • Lucas apresenta Cristo, o Homem.
  • João anuncia Cristo em Sua divindade.
Por isso, é tão interessante que justamente Lucas, o evangelista, que fala especialmente sobre Cristo, o Homem, se estenda sobre o nascimento do Rei: “ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.33).
O Evangelho do Rei, que é Mateus, menciona claramente que os magos do Oriente procuravam um rei: “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo” (Mt 2.1-2).
Porém a menção direta, mais literal, ao Rei cujo reinado jamais teria fim não é encontrada em Mateus, mas justamente em Lucas, tão preocupado em mostrar Jesus como Homem.
Há mais uma passagem em um dos quatro evangelhos onde nosso Senhor é chamado de Rei. Está no Evangelho de João. No contexto da entrada triunfal de nosso Senhor em Jerusalém no Domingo de Ramos, João cita Zacarias 9.9: “Não temas, filha de Sião, eis que o teu Rei aí vem, montado em um filho de jumenta”(Jo 12.15). Essa é, sem dúvida, uma clara indicação da honra real que cabe a Jesus Cristo.

Pensamos no Rei ou num bebê indefeso?

Quando você celebra o Natal e rememora o bebê na manjedoura, em quem você pensa? Certamente no Salvador, no Redentor, no Libertador. Aliás, a mensagem dos anjos aos pastores foi: “é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Então, é correto nos alegrarmos pela vinda de nosso Salvador, nosso Redentor, nosso Libertador e pela vinda de nosso Rei quando festejamos o Natal! Quando Ele veio como criança ao mundo em Belém naquela época, nascia um Rei! – um Rei acerca de quem está escrito: “ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.33). Muitas vezes é justamente esse aspecto que se perde no meio de todas as festividades natalinas. Não está errado lembrar do bebê na manjedoura, não é errado adorar o Salvador, mas essa criancinha é Rei, e como Rei Ele merece ser honrado e adorado!
No anúncio dos anjos aos pastores não faltou a reivindicação de que o recém-nascido era Rei. Pelo contrário! Os anjos falaram com todas as letras: “é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Além da afirmação “nasceu, na cidade de Davi, ...o Senhor”, que já alude claramente a domínio e reinado, a palavra “Cristo” igualmente indica honra de rei. O nome Cristo significa “Ungido”. Em Israel, os sacerdotes e reis eram empossados em seus cargos através de uma cerimônia solene de unção com azeite. Por isso, especialmente no início do tempo dos reis de Israel, a expressão “o ungido” era título de rei. O Senhor Jesus carrega esse título e tem direito a essa designação de cargo, o que significa que Ele é Rei e que veio ao mundo como Rei!

Mateus e o Rei

Mesmo quando lemos a história do Natal em Mateus, o Evangelho do Rei, nossos pensamentos facilmente se desviam da realidade de que Ele é soberano. Tomamos conhecimento de que os magos procuravam um rei. Mas esquecemos rapidamente a reivindicação do próprio Jesus de ser rei. Apressamo-nos a ir à estrebaria de Belém para admirar o Salvador. Mas os magos procuravam um Rei! Honraram um Rei! Eles “entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra” (Mt 2.11). Os pastores procuravam um bebê, seu Salvador, seu Libertador, e os magos procuravam uma criança que era rei – e ambos são parte integrante da história do Natal!
A mensagem de Lucas deveria nos tocar de uma forma totalmente nova e muito profunda. Repetindo: “ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim” (Lc 1.33). De fato, Ele veio para nós. Ele veio para nós como Salvador. Ele veio para nós como nosso grande Rei! Olhemos essa verdade um pouco mais de perto.

Jesus é realmente nosso Rei?

O texto diz explicitamente: “ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó...” (Lc 1.33). A casa de Jacó é o povo de Israel. Nós, cristãos, temos um comportamento curioso: costumamos tomar como obviamente destinadas a nós muitas coisas que são, em primeiro lugar, destinadas a Israel; a outras não! É lógico que Jesus veio como Rei – em primeiro lugar para Israel, mas Seu reinado tem um significado muito mais profundo do que ser o futuro Rei de Israel. Aliás, Sua reivindicação de ser Rei alcança até o Milênio, quando, no final, entregará o Reino a Seu Deus e Pai. Mesmo assim, Ele também é o seu e o meu Rei – muito pessoalmente. É exatamente a história do Natal que torna impossível dissociar nosso Salvador do nosso Rei.
Na mesma frase em que Lucas fala do Salvador, ele também menciona o Rei: “é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. Você consegue separar uma coisa da outra? “O Salvador é para mim, o Rei é para Israel”? Não, obviamente não! Isso é impossível! Ou o Salvador é também seu Rei –, ou seja, Aquele que reina sobre você – ou você não tem Salvador!
O Senhor Jesus tem o direito de reinar sobre nossa vida. Nesse sentido Ele é, de fato, nosso Rei e nosso Senhor. Ele mesmo diz: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (Jo 15.14). É Ele quem manda. Você percebe que nesse versículo encontramos os dois, o Rei e o Salvador? O Salvador diz: “vocês são meus amigos”. O Rei diz: “se fazeis o que eu vos mando”. Aceitar Jesus como Salvador pessoal sempre significa submeter-se à autoridade dEle como nosso Rei. Por essa razão, em Romanos 1.5, quando menciona seu apostolado, Paulo fala acerca da obediência por fé, que gostaria de ver crescer entre todos os gentios. A fé não é apenas um recurso da graça que nos permite chegar até o Salvador; fé sempre tem relação com obediência. Em Romanos 15.18, Paulo menciona que deseja conduzir os gentios à obediência em palavras e obras. Em Romanos 16.19 ele testemunha acerca dos romanos: “...a vossa obediência é conhecida por todos...”.
Na Segunda Carta aos Coríntios, Paulo fala acerca da obediência a Cristo: “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.5). Está claro? Você não recebeu apenas um Salvador, um Redentor e um Libertador quando Jesus nasceu em Belém, mas também passou a ter um Rei a quem você pertence de corpo e alma. Isso está bem evidente e bem nítido diante de seus olhos? Você consegue admitir Jesus como o Rei da sua vida?

As reivindicações soberanas de um rei

Este será o direito do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos e os empregará no serviço dos seus carros e como seus cavaleiros, para que corram adiante deles; e os porá uns por capitães de mil e capitães de cinqüenta; outros para lavrarem os seus campos e ceifarem as suas messes; e outros para fabricarem suas armas de guerra e o aparelhamento de seus carros. Tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras. Tomará o melhor das vossas lavouras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais e o dará aos seus servidores. As vossas sementeiras e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais e aos seus servidores. Também tomará os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos e os empregará no seu trabalho. Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe sereis por servos” (1 Sm 8.11-17).
Essas palavras de Samuel foram ditas a Israel depois que esse povo expressou seu desejo de ter um rei. Eles queriam um rei terreno, um soberano normal que reinasse em Israel. Esses versículos descrevem os direitos do rei de impor seu domínio e fazer suas exigências ao povo. Por exemplo: “tomará vossos filhos... tomará as vossas filhas... tomará o melhor das vossas lavouras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais... tomará as vossas sementeiras e as vossas vinhas... tomará os vossos servos e as vossas servas, e os vossos melhores jovens, e os vossos jumentos... dizimará o vosso rebanho, e vós lhe sereis por servos”. Exigências duras e difíceis! Samuel havia alertado Israel seriamente: “Se vocês querem um rei, pensem bem. Não será fácil. Um rei terá o direito de exigir de vocês tudo o que quiser e tudo o que desejar. E vocês não poderão negar nada. Serão dele de corpo e alma!”.
Essas exigências ao povo eram o direito de um rei de Israel – ele tinha legitimidade para tomar, pedir e usar o que lhe aprazia. Isso, porém, não deve nos deixar com uma falsa sensação de despreocupação, como se não nos dissesse respeito. Não devemos pensar: “Ainda bem que as exigências de Jesus como Rei não são tão duras assim! Não preciso me preocupar com isso!”. Se pensamos dessa forma, estaremos no caminho do erro. Mesmo que Jesus não obrigue ninguém a segui-lO, Suas reivindicações são tão absolutas como aquelas dos reis de Israel. Isso significa que nós, quando tomamos posse de Sua obra de salvação, temos pairando sobre nossa vida Sua exigência: “Eu tomo...”. Ele, como Rei, toma para si o que quiser. E Ele quer nos possuir por completo. Ele quer todo o nosso coração, toda a nossa dedicação, todo o nosso amor, toda a nossa fidelidade. Ele exige fé absoluta, confiança plena e lealdade total. Ele quer o melhor do nosso tempo, Ele espera nosso fervor e nosso zelo, Ele espera uma consagração integral. Ele deseja empenho abnegado, trabalho diligente e, além de tudo isso, Ele quer ser o Senhor e dono dos nossos bens materiais. Ele é o Soberano!

Uma pergunta pessoal

Você quer dar tudo isso ao seu Rei? Você quer servi-lO dessa forma? Você entrega tudo a Ele de boa vontade, declarando-Lhe: “Reine e domine sobre mim! Sou todo seu, de corpo e alma!”? Talvez você esteja precisando de um profundo avivamento em seu relacionamento com seu Rei. O povo de Israel teve de ouvir o profeta Oséias dizendo por três vezes (porque tinham aniquilado as reivindicações do Senhor Deus, seu Rei): “semeai para vós outros em justiça, ceifai segundo a minha misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós” (Os 10.12). Isso está fazendo falta na sua vida? Você anela por chuva de justiça? Pela presença do Senhor?
Você percebeu uma falta de submissão ao seu Rei? Você notou que não pertence a Ele com todo o seu ser? Se a resposta é “sim”, então você precisa de um avivamento pessoal e de um profundo despertamento em seu coração. Na prática, o que é isso? Eclesiastes 3.3 diz que há um “tempo de derrubar e tempo de edificar”. Quando Deus concede um avivamento, quando Ele faz algo novo, a seqüência é esta: primeiro derrubar, depois edificar. Antes de qualquer renovação interior, muitas coisas precisam ser quebradas e derrubadas. Só depois da demolição pode ter início a reconstrução. E o que precisa ser derrubado? Aquilo que toma do Rei o Seu direito de propriedade! Acerca do rei Asa, que vivenciou um despertamento, lemos: “(Asa) aboliu os altares dos deuses estranhos e o culto nos altos, quebrou as colunas e cortou os postes-ídolos. Ordenou a Judá que buscasse ao Senhor, Deus de seus pais, e que observasse a lei e o mandamento. Também aboliu de todas as cidades de Judá o culto nos altos e os altares do incenso...”(2 Cr 14.2-5). Tudo de mau e pecaminoso que se acumulara no reino de Judá durante muitos anos foi derrubado por Asa. Tudo aquilo que fora trazido como entulho para dentro de seu reino ele mandou tirar, quebrar e destruir. Antes da faxina o avivamento era impossível.

Só orar não basta

Muitas vezes oramos por avivamento, mas não faz sentido orar e clamar se cada um de nós, pessoalmente, não estiver disposto a destruir e derrubar coisas erradas em sua vida. Antes que a cidade de Jericó fosse conquistada, Josué disse aos israelitas: “Tão-somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confundais” (Js 6.18). Apesar da proibição, um homem chamado Acã tomou das coisas condenadas e as escondeu num buraco na sua tenda. A conseqüência foi aquela que Josué anunciara: grande desgraça se abateu sobre Israel. O povo todo foi derrotado diante da cidade de Ai. Então Josué lançou-se ao chão e começou a orar, talvez como nunca orara em toda a sua vida: “Então, Josué rasgou as suas vestes e se prostrou em terra sobre o rosto perante a arca do Senhor até à tarde, ele e os anciãos de Israel; e deitaram pó sobre a cabeça. Disse Josué: Ah! Senhor Deus, por que fizeste este povo passar o Jordão, para nos entregares nas mãos dos amorreus, para nos fazeres perecer? Tomara nos contentáramos com ficarmos dalém do Jordão. Ah! Senhor, que direi? Pois Israel virou as costas diante dos seus inimigos! Ouvindo isto os cananeus e todos os moradores da terra nos cercarão e desarraigarão o nosso nome da terra; e, então, que farás ao teu grande nome?” (Js 7.6-9). Uma oração tocante! E o Senhor respondeu a esse clamor: “Então, disse o Senhor a Josué: Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o rosto? Israel pecou, e violaram a minha aliança, aquilo que eu lhes ordenara, pois tomaram das coisas condenadas, e furtaram, e dissimularam, e até debaixo da sua bagagem o puseram. Pelo que os filhos de Israel não puderam resistir aos seus inimigos; viraram as costas diante deles, porquanto Israel se fizera condenado; já não serei convosco, se não eliminares do vosso meio a coisa roubada” (Js 7.10-12).
Que palavras sérias! Que palavras claras! O Senhor disse: “Não adianta, Josué! Não resolve você orar assim. Não adianta prostrar-se diante da minha face. Pare com isso! Esteja pronto a fazer o que precisa ser feito. Ou você toma a atitude que precisa ser tomada, ou não estarei mais com vocês”. Israel não encontraria a paz nem teria mais vitórias se não estivesse disposto a derrubar a fortaleza do mal que levantara em seu meio. Nessas circunstâncias não faria sentido o povo orar noite e dia. O que era imprescindível, o que era absolutamente necessário, era uma atitude forte e firme diante do mal.
Isso nos lembra das palavras chocantes de Jeremias 15.1: “Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, meu coração não se inclinaria para este povo; lança-os de diante de mim; e saiam”. Ou Ezequiel 14.14, onde o Senhor diz: “Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, salvariam apenas a sua própria vida, diz o Senhor Deus”. Por que Deus usou de palavras tão duras? Porque Israel, naquele momento, queria receber coisas novas, mas não estava pronto a quebrar e destruir o que estava errado em seu meio.
O mesmo se dá com um avivamento pessoal, quando buscamos um novo despertar em nossa vida espiritual. Ele somente se tornará realidade quando cada um de nós estiver disposto a dar os passos que Deus ordena como pré-requisitos para um despertamento. As condições prévias precisam ser atendidas. O Novo Testamento nos conclama a isso. Por exemplo, Efésios 4.25 diz: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros”. Outro exemplo de derrubar e destruir: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria” (Cl 3.5). Ou ainda: “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma” (Tg 1.21).
Muitos dizem que um cristão não pode mais cometer pecados graves. Mas se fosse assim, por que a Escritura fala disso? Por que ela nos alerta a despojar-nos de toda impureza e acúmulo de maldade? Em Efésios 4.25 Paulo fala dos “membros”, portanto, ele está falando de cristãos renascidos. Fato é que cristãos renascidos podem cometer qualquer pecado a qualquer momento. E por ser assim, e porque o pecado continua não-confessado, Cristo deixou de ser Rei na vida de muitos deles. Jesus não pode fazer valer Suas reivindicações soberanas na vida desse crente. Portanto, uma das condições básicas para experimentar uma renovação radical é começar a derrubar, tirar e limpar!

A presença de Deus revela a sujeira

Deveríamos nos expor por completo à luz do Todo-Poderoso. E essa exposição poderá causar um grande susto. Ao nos colocar diante de Deus, talvez nos surpreendamos com comportamentos e atitudes que nos pareciam bem normais e, agora, à luz do Senhor, nos causam profunda vergonha. Percebemos coisas que vínhamos tolerando sem perceber, coisas que havíamos esquecido. A luz divina expõe e revela a sujeira.
Você já passou pela experiência de ficar pasmo quando, na presença de Deus, percebeu seus pecados, suas falhas e sua profunda perdição? Essa é uma típica experiência cristã. E feliz do Filho de Deus que passa por ela de tempos em tempos!
Pensemos em Davi, um homem segundo o coração de Deus, que lamenta miseravelmente no Salmo 38.3-4,18: “Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação; não há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado. Pois já se elevam acima de minha cabeça as minhas iniqüidades; como fardos pesados excedem as minhas forças. Confesso a minha iniqüidade; suporto tristeza por causa do meu pecado”. Na Bíblia de Scofield, esse salmo recebe o título “Arrependimento pelo pecado“. Pense em Jeremias, que só conseguia clamar diante da cidade de Jerusalém completamente destruída: “O jugo das minhas transgressões está atado pela sua mão; elas estão entretecidas, subiram sobre o meu pescoço, e ele abateu a minha força...” (Lm 1.14).
Tanto Davi como Jeremias não falavam dos pecados dos outros – muito menos referiam-se aos pecados de ímpios pagãos. Falavam dos seus próprios pecados e lamentavam por si mesmos, por sua própria maldade. Felizes os cristãos que passam por isso de vez em quando! Bem-aventurado aquele que quase sucumbe debaixo do peso dos seus pecados quando se apercebe de todo o mal que mora dentro dele! Mas para tanto temos de nos expor sem reservas à luz do Todo-Poderoso. Só assim veremos e reconheceremos nossos erros. E só assim começaremos a derrubar e destruir. E então um legítimo avivamento poderá ter início na nossa vida. Então poderemos nos alegrar no nosso Salvador e Rei Jesus! (Marcel Malgo - chamada.com.br)
As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores.
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De Deus vem a Salvação!

Pérolas Diárias



18 de Dezembro

"Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe." Salmo 131.2
No Senhor você encontra tudo aquilo de que precisa! Ele é o perfeito amor. Ele o ama mais do que seu pai e mãe juntos seriam capazes de amar você. Davi sabia de que estava falando quando disse inspirado pelo Espírito Santo: "...em Deus, ó minha alma, espera silenciosa: dele vem a minha salvação." Você compreende agora por que o espírito de agitação o esgota tanto interiormente, justamente antes das festas de fim de ano? Você diz crer em Jesus, mas, apesar disso, corre pela vida como um animal acossado. Quando, daqui a poucos dias você cantar "Noite feliz", não sossegue até que o seu coração esteja em paz também. Não continue se refugiando no trabalho e nas atividades, mas permita que seja revelado, na Santa presença de Deus, o motivo por que você não consegue sossegar. Não será o pecado? Não será justamente aquilo que fez com que Jesus nascesse em Belém e depois fosse para o Calvário? Será que tudo o que Ele fez por você foi em vão? Jesus se aproximou das crianças. Seja como uma criança! Refugie-se em Deus por meio de Jesus Cristo e você será renovado, renovado na quietude da Sua presença. Essas palavras são especificamente para os filhos de Deus, para os que já se tornaram novos por meio da fé, mas que, mesmo assim, precisam de uma contínua renovação pela obediência ao Senhor.
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O Papel Crucial da Pregação Bíblica

O Que Será Que Aconteceu Com a “Ceia” do Domingo?

Mark Johnson

O Papel Crucial da Pregação Bíblica

Não tenho certeza sobre como minha mãe dava conta, mas ela fazia dos almoços de domingo uma ocasião especial. Tenho lindas lembranças dos cheiros, sabores e da atmosfera familiar da refeição do meio-dia, depois do culto de domingo pela manhã. Freqüentemente, comíamos carne assada, batatas, legumes frescos e torta feita em casa. Era o ponto máximo da semana para toda a nossa família, e a comida era tão abundante que domingo era o dia em que o “almoço” era chamado de “ceia”.
Nestes dias atuais, de lares com duas fontes de renda, poucas famílias se reúnem para comer uma refeição, quanto mais para compartilhar, em clima de lazer, um almoço feito em casa, depois de terem participado do culto como família. A refeição de domingo é provavelmente uma pizza encomendada por telefone celular, chamada feita do estacionamento da igreja, ou fast-food apanhado no caminho para os jogos de futebol da tarde das crianças. Tempo adequado com a família e nutrição balanceada enfrentam muitos desafios em nossa sociedade cheia de estresse.

Deus inspirou a Bíblia com um propósito: ser o instrumento para o homem de Deus equipar o rebanho para um viver como o de Cristo.
Outro almoço de domingo, ainda mais importante, também está passando por tempos difíceis: alimentar o rebanho de Deus com a Palavra de Deus pelos pastores de Deus. Muitas ovelhas estão mal nutridas e se tornam presa fácil para os lobos em uma cultura pós-cristã e cada vez mais anticristã. Hoje, o rebanho geralmente vive com uma dieta de alimentos que não valem nada, que são uma porcaria, em vez de se alimentar de banquetes nutritivos e bem planejados, que incluem a carne da Palavra de Deus. Por que estamos vivendo neste estado lastimável? Seguem algumas das muitas razões:
1. Muitas pessoas desvalorizaram a Palavra de Deus como não sendo infalível, não tendo autoridade e não sendo relevante.
2. A experimentação sobre “como fazer igreja” enfatiza metodologias estimulantes, mas coloca menos ênfase na pregação ou deixa pouco tempo para o ensino bíblico.
3. Pregações expositivas estão enfrentando tempos difíceis. São consideradas fora de moda para uma cultura pós-moderna que evita o proposicionalismo (a apresentação e a defesa das verdades teológicas por meio de proposições que podem ser provadas verdadeiras) e o absolutismo (a visão de que determinadas coisas estão certas ou erradas).
4. As muitas ocupações e o baixo nível de compromisso da sociedade militam contra os crentes se tornarem consistentemente envolvidos na igreja local e seriamente enfocados nela.
Um pastor não pode controlar as filosofias populares de ministério, quanto mais a influência da cultura secular. Como pastores, precisamos assumir um compromisso novo: “Nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” (At 6.4), e faremos o que for necessário para alimentar o rebanho de Cristo sob nosso cuidado. A menos que um pastor assuma tal compromisso e tenha um planejamento sistemático e implacável de estudar e pregar, suas boas intenções provavelmente cairão vítimas das intensas exigências da vida pastoral ou de suas próprias distrações.
Andrew Telford (1895-1997), um eficiente pregador expositivo mesmo aos 90 anos, escreveu: “As realizações da igreja cristã são as realizações do púlpito. Com a pregação, o cristianismo ou cresce ou cai”.[1] O fundamento bíblico para tal afirmação está explicado em 2 Timóteo 3.16-4.4. Como a Escritura é soprada por Deus, ela é proveitosa e equipa completamente o homem e a mulher de Deus para toda boa obra.
Deus inspirou a Bíblia com um propósito: ser o instrumento para o homem de Deus equipar o rebanho para um viver como o de Cristo. Warren Wiersbe escreveu: “A Palavra é proveitosa para a doutrina – isto é, o que é certo; para a repreensão – isto é, o que não é certo; e para a instrução na justiça – isto é, como permanecer certo”.[2] Baseados no que a Escritura é (soprada por Deus) e no que ela faz (equipa totalmente o povo de Deus), os pastores recebem um dos encargos mais solenes das Escrituras: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.2-4).
A palavra “pregar” (kerykson, em grego) é o termo usado para o que o pregoeiro público de uma cidade faria: anunciar, proclamar e divulgar. Ele vinha da corte do rei com uma proclamação com autoridade, e era obrigado a torná-la verbalmente conhecida com absoluta clareza e precisão. Essa descrição do trabalho de um pastor enfatiza tanto entender quanto sentir – tanto ver quanto saborear – a mensagem:

“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.2-4).
Ela não é desinteressada, nem fria, nem neutra. Ela não é uma mera explanação. (...) A pregação é uma exultação expositiva. (...) Ela é singularmente adequada para alimentar tanto o entendimento quanto os sentimentos. (...) Deus ordenou que Sua Palavra venha em uma forma que ensine a mente e alcance o coração.[3]
É por isso que o Rei do universo envia um homem de Deus como pregador e não envia simplesmente um texto escrito ou um filme.
Wiersbe definiu pregação como “a comunicação da verdade de Deus pelo servo de Deus para satisfazer as necessidades do povo de Deus” e citou Phillips Brooks, que descreveu a pregação como “trazer a verdade através da personalidade”.[4]
A pregação canaliza de maneira única a verdade inspirada de Deus através de um homem que está apaixonado por Deus. Piper escreveu:
As pessoas estão morrendo de fome da grandeza de Deus, mas a maioria não daria este diagnóstico sobre suas vidas cheias de problemas. A majestade de Deus é uma cura desconhecida. (...) A visão de um grande Deus é a peça-chave na vida da igreja.[5]
A pregação bíblica tem o objetivo de proporcionar essa visão de que o banquete de domingo precisa ser restaurado ao seu lugar de honra na vida da igreja local. O apóstolo Paulo instou os anciãos da igreja de Éfeso: “Para pastoreardes a Igreja de Deus, a qual ele comprou com seu próprio sangue” (At 20.28).
Olhando, através de um fogo feito com carvão, em uma praia, para Seu discípulo Pedro, que havia professado amá-lO, Jesus o desafiou: “Apascenta os meus cordeiros” (Jo 21.15). Sua ordem reverbera através dos corredores da história até nossos dias, e todos os pastores que professam amá-lO não deveriam fazer menos do que isso. (Israel My Glory)
Mark Johnson é pastor da Igreja Bíblica Independente de Martinsburg, Virgínia Ocidental (EUA).

Notas:

  1. Andrew Telford, Pearls for Practical Preaching: A Study Course in Homiletics [Pérolas para a Pregação Prática: Um Estudo Sobre Homilética], (Richmond, VA: Cussons, May and Co., 1970), 12.
  2. Warren Wiersbe e David Wiersbe, The Elements of Preaching [Os Elementos da Pregação], (Wheaton, IL: Tyndale, 1986), 66-67.
  3. John Piper, The Supremacy of God in Preaching [A Supremacia de Deus na Pregação], ed. rev. (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 2004), 10-11.
  4. Wiersbe e Wiersbe, 17, 19.
  5. Piper, 13-15.

  6. Extraído de Revista Chamada da Meia-Noite setembro de 2013 Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também.
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quinta-feira, 17 de abril de 2014

JESUS, NOSSA PÁSCOA, VIVE!


As horas mais solitárias que alguém já passou sobre a terra foram as horas do Calvário; pois Jesus - além de ser Filho de Deus - era também homem ao morrer por nós.
Por que, entretanto, o Calvário foi o lugar mais solitário que já houve? Parece fácil responder a essa pergunta, pois muitos dos nossos leitores sabem tudo sobre o Calvário e a morte do Cordeiro de Deus. Mas mesmo assim, nunca conseguimos responder com precisão a essa pergunta porque somos incapazes de compreender o que Jesus realmente passou no Calvário.
Segundo a Escritura, Jesus foi crucificado à "hora terceira" (Mc 15.25) (às nove horas da manhã). E à "hora nona" (às três horas da tarde) Ele deu Seu grito alucinante: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?... Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (v. 34). Isso significa, portanto, que Jesus Cristo, quando deu esse grito – já estava dependurado há seis horas na cruz em pavorosa solidão! Significa que durante seis horas inteiras Ele esteve sem o Pai, sim, até mesmo Deus O abandonou. Que nessas seis horas na cruz Ele esteve sem o Pai é provado pelo fato de Ele – que normalmente sempre falava do Pai quando se referia a Deus – ter clamado a Deus. E que Ele estava também sem Deus é mostrado por Suas palavras desesperadoras: "...por que me desamparaste?" Apesar de Ele clamar a Deus, Deus O havia abandonado!
Nesse sentido, as palavras do centurião romano contêm um simbolismo profundo e trágico:"O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente este homem era Filho de Deus" (v. 39). Enquanto Jesus esteve dependurado na cruz, era como se Ele não fosse mais o Filho de Deus. Por quê? Porque naquelas horas Ele não tinha mais Pai. Mas – não era o Filho de Deus que estava dependurado ali na cruz? Naturalmente, mas não em Seu caráter glorioso, de Rei. Ele estava ali dependurado como homem, cuja aparência estava profundamente desfigurada, a quem todo o mundo desprezava, e virava o rosto. A respeito, o profeta Isaías já predisse palavras abaladoras aproximadamente 700 anos antes de Cristo: "...o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência mais do que a dos outros filhos dos homens... Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso" (Is 52.14b; 53.3). Quão terrível e pavorosa deve ter sido essa solidão para Ele! Pois a Ele, ao Senhor Jesus Cristo, aconteceu algo que jamais pode acontecer a nós, que nEle cremos: Ele realmente foi abandonado pelo Pai – durante horas. É o que expressa com a maior clareza Sua pergunta: "...por que me desamparaste?". Em outras palavras: "Tu me abandonaste – mas por quê?"
Nunca podemos acusar Deus de tal coisa porque não corresponde à verdade, pois o Senhor nunca nos abandonará, a nós que somos Seus filhos. No máximo, poderíamos dizer que nos sentimos abandonados. Na realidade, porém, nunca estamos sozinhos, pois em Hebreus 13.5b estão escritas as maravilhosas palavras: "De maneira alguma te deixarei nunca jamais te abandonarei." Ou pensemos nas palavras do próprio Senhor Jesus: "E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século" (Mt 28.20b). Paulo exclama com júbilo em Romanos 8.38-39: "Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor." Não, nada, nem ninguém pode separar-nos de nosso Senhor, nunca seremos deixados sós; onde quer que estejamos, o Senhor está sempre presente! Ouça uma vez o que o salmista diz a respeito: "Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares: ainda lá me haverá de guiar a tua mão e a tua destra me susterá" (Sl 139.8-10). Em outras palavras: Senhor, tu estás sempre comigo; onde quer que eu esteja, o que quer que eu faça, para onde quer que eu vá, como quer que eu me sinta – tu estás sempre comigo. Sim, disso podemos estar certos, e graças ao Senhor que é assim.
Mas o próprio Senhor Jesus – quando esteve dependurado na cruz – não tinha mais nada disso; Ele ficou completamente privado de amor e consolo. Ao invés da alegre certeza da presença do Pai – Ele era atormentado por um horror paralisante. Ao invés de firme certeza interior – Ele sentia calafrios por causa do gélido silêncio de Deus. Ao invés do olhar amoroso do Pai – Ele só via trevas intransponíveis. Ao invés de afável e calorosa afeição do alto – os rugidos e a fúria de todo o inferno se abateram sobre Ele. Jesus Cristo experimentou exatamente o oposto daquilo que o salmista testemunha com tanta fé: "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo: a tua vara e o teu cajado me consolam" (Sl 23.4). Jesus andou literalmente pelo "vale da sombra da morte"; Deus não estava mais com Ele, a "vara e o cajado" do Pai não O consolavam mais.
"Por quê?", podemos perguntar, "por que, afinal?" Porque não era possível de outra maneira. Pois, apesar de Jesus ser o Cordeiro de Deus sem pecado, apesar de Ele nunca ter pecado em toda a Sua vida, apesar de Ele ter ficado puro e sem mácula, no Calvário Ele morreu como pecador. Bem entendido: Ele não morreu como pecador – pois, como dissemos, Ele era e continuou sem pecado –, mas Ele morreu por causa de pecados, isto é, dos pecados de todo o mundo.
Você sabe o que significa morrer a morte do pecador; você sabe qual é a terrível e inescapável conseqüência de tal morte? Nesse tipo de morte
– Deus não está presente;
– o céu está fechado;
– o Eterno afasta o olhar!
Por isso, uma morte assim é o mais terrível, pavoroso e horroroso que pode acontecer a uma pessoa. Existem testemunhos suficientes a respeito. A seguir, citamos somente alguns:
– O ateu David Hume gritou por ocasião de sua morte: "Estou nas chamas!"
– A morte de Voltaire, o famoso zombador, deve ter sido tão terrível que sua enfermeira disse depois: "Por todo o dinheiro da Europa, eu não gostaria mais de ver um ateu morrer!"
– Hobbes, um filósofo inglês, disse pouco antes de sua morte: "Estou diante de um terrível salto nas trevas."
– Goethe exclamou: "Mais luz!"
– Churchill morreu com as palavras: "Que tolo fui!"
Bastam esses poucos exemplos para nos mostrar claramente o que significa morrer como pecador. E Jesus experimentou esse tipo de morte, apesar de Ele mesmo – que isso fique bem claro – ser e continuar sendo absolutamente sem pecado. Ele experimentou uma morte tão pavorosa porque na cruz Ele tomou sobre Seu próprio corpo todos os pecados de todos os homens de todos os tempos. Pedro diz em sua primeira epístola: "carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a justiça" (1 Pe 2.24a). Quando Jesus morreu a morte do pecador, realmente o céu ficou fechado, o Pai desviou o olhar, o Eterno se afastou; e Ele, o Filho, ficou dependurado, só e abandonado, na cruz. Que ondas pavorosas do inferno devem ter se abatido sobre Ele. No Salmo 22 os sofrimentos de Jesus naquelas horas horrorosas são descritos de modo amedrontador, bem detalhado e claro: "Muitos touros me cercam, fortes touros de Basã me rodeiam. Contra mim abrem as bocas, como faz o leão que despedaça e ruge. Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se-me dentro de mim. Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim me deitas no pó da morte. Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim" (vv. 12-17).
Meu irmão, minha irmã, como isso deve ter sido terrivelmente difícil para Jesus Cristo! Não é de admirar, pois, que de repente tenha partido de Seu coração ferido este grito: "...Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Esse foi o grito de um homem que caiu num profundo abismo, e cujo coração estava completamente dilacerado.
É interessante lembrar que até então Jesus nunca havia sido abandonado pelo Pai. E agora, na cruz – Ele não somente foi abandonado pelo Pai, mas também estava cercado pelos poderes do inferno. Não, até então o Pai nunca O havia abandonado; pelo contrário –o Pai esteve constantemente nEle. Por exemplo, Jesus disse: "Quem me vê a mim, vê o Pai" (Jo 14.9b). E em João 11.41b lemos: "Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai..."Portanto, até essa hora tinha havido completa harmonia entre Ele e o Pai. E Jesus se alegrou por essa harmonia, e testemunhou dela, por exemplo, com as palavras:
– "...porque não sou eu só, porém eu e aquele que me enviou" (Jo 8.16).
– "E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só..." (Jo 8.29b).
– "Eu e o Pai somos um" (Jo 10.30).
– "...para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai" (Jo 10.38b).
Que maravilhosas palavras! Mas, exatamente por isso foi muito mais duro e trágico o contraste entre elas e as horas na cruz. Oh! que caminho Jesus teve que seguir! E, por quê? Para redimir a você e a mim; pois nós deveríamos ter estado ali na cruz!
Talvez agora compreendamos um pouco melhor o profundo abismo dos sofrimentos do Cordeiro de Deus; talvez sejamos capazes agora de participar um pouco dos Seus sentimentos, do que Ele passou. Mesmo assim, uma ou outra pessoa poderá perguntar:

Jesus não sabia que tudo seria assim?

Ele falou várias vezes a respeito aos Seus discípulos. Lemos, por exemplo, em Mateus 16.21:"Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas cousas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto, e ressuscitado no terceiro dia." Aqui Ele falou claramente que ainda teria que "sofrer muitas cousas". Além disso, havia muitas profecias do Antigo Testamento que apontavam com clareza assustadora para esses acontecimentos; e Jesus conhecia todas essas palavras da Escritura. Portanto, certamente Ele sabia de tudo. Apesar de que jamais poderemos responder a essa pergunta definitivamente, hoje vou tentar – com todo respeito ao Cordeiro de Deus – dar uma resposta bem superficial. Jesus Cristo – apesar do fato de ser o Filho de Deus e de todas as coisas serem manifestas perante Ele – talvez não soubesse de uma coisa: quão terrível seria a separação entre Ele e o Pai; quão horroroso seria ser abandonado pelo Pai! Pois, repito: Ele nunca antes havia ficado sem o Pai – muito menos sido abandonado pelo Pai.
Entretanto, talvez você diga agora: Mas Jesus sempre sabia de tudo. Tudo – será que Jesus realmente sabia de tudo? Ele mesmo falou certa vez de algo que não sabia, ou seja, da hora da Sua volta: "Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai" (Mc 13.32). Portanto: isso era uma coisa que Ele não sabia. Por isso, não será que somente o próprio Pai sabia o que o Filho realmente teria de passar na cruz; quão difícil realmente seria a separação? Não será que o Pai tenha se calado sobre esse assunto por causa de Seu grande amor pelo Filho?
Apesar de não sabermos a resposta, nesse contexto podemos pensar na relação de Abraão e Isaque. Quando os dois ainda estavam a caminho do local do sacrifício, Isaque, que não sabia de nada, perguntou ao seu pai: "Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?" (Gn 22.7b). O que Abraão respondeu a Isaque? Lemos em Gênesis 22.8a:"Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto". Isaque sabia, portanto, do sacrifício, mas não sabia da terrível verdade de que ele deveria ser a vítima.
Jesus Cristo sabia do Calvário. Ele sabia que seria o Cordeiro do holocausto; mas será que Ele também sabia quão terrível seria quando o Pai – nas horas do Seu sofrimento e da Sua morte – teria que abandoná-lO? Bem, não o sabemos, e também nunca teremos uma resposta definitiva para essa questão aqui na terra. Uma coisa, porém, é segura: as horas do Calvário realmente foram as mais difíceis e solitárias pelas quais ninguém na terra jamais passou; e o Filho do Homem, Jesus Cristo, as sofreu.

O alto objetivo dos sofrimentos de Jesus

Por que o Senhor da Glória teve que sofrer de forma tão extrema? Para redimir muitas e muitas pessoas escravizadas! Oh! quão maravilhosamente esse objetivo dos sofrimentos de Jesus é descrito no livro do profeta Isaías: "...quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade... com o seu conhecimento, justificará a muitos... Por isso eu lhe darei muitos como a sua parte..." (Is 53.10b,11b,12a). Glorioso, não é mesmo?! E até hoje são acrescentados diariamente novos justificados à Sua posteridade. Mas tudo começou nessa terrível cruz solitária. Quanto mais se agravava Seu caminho de morte, quanto mais profundamente Jesus entrava em dores e sofrimentos, maior e mais real se tornava o fato de que assim o caminho ao reino dos céus estava sendo aberto para a Humanidade. A cada hora de dores se aproximava a grandiosa vitória de Jesus, a porta da graça se abria cada vez mais.
Vejamos essa gloriosa verdade em relação à parábola de Jesus sobre os trabalhadores na vinha. Nela nos é mostrado maravilhosamente, de forma figurada, o processo que Jesus enfrentou na cruz – quanto mais horas de dores, mais próxima e maior a vitória. Leiamos a primeira parte dessa parábola: "Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, tendo ajustado com os trabalhadores a um denário por dia, mandou-os para a vinha. Saindo pela terceira hora viu, na praça, outros que estavam desocupados, e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo. Eles foram. Tendo saído outra vez perto da hora sexta e da nona, procedeu da mesma forma, e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros que estavam desocupados, e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então lhes disse ele: Ide também vós para a vinha" (Mt 20.1-7).
Essa parábola aponta maravilhosamente para o reino celestial e para todos que estarão nele algum dia. Ela nos mostra também que não faz diferença se alguém encontra cedo o caminho ou se chega somente à hora undécima. O que importa é que muitos venham! Não vamos nos ater agora na parábola em si, mas extrair dela maravilhosos paralelos sobre os acontecimentos do Calvário.
1 – Quando começou o verdadeiro caminho de morte de nosso Senhor? Não me refiro ao caminho de sofrimentos em geral, que já começou na manjedoura em Belém, mas ao caminho de morte e crucificação em si, através do qual Ele, como Deus, o disse através do profeta Isaías, geraria uma posteridade, ou seja, justificaria a muitos. Quando começou esse caminho da cruz? Lemos em Marcos 15.1: "Logo pela manhã entraram em conselho os principais sacerdotes com os anciãos, escribas e todo o Sinédrio; e, amarrando a Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos." E quando o dono da casa, na parábola citada, começou a enviar trabalhadores para sua vinha, isto é, quando o Rei do reino dos céus começou a chamar Sua posteridade para Seu reino? Também cedo de manhã: "Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha" (Mt 20.1).
2 – Quando, exatamente, Jesus foi crucificado? À hora terceira (nove horas da manhã): "Era a hora terceira quando o crucificaram" (Mc 15.25). E quando os próximos trabalhadores foram enviados para a vinha, isto é, quando o Rei do reino dos céus chamou os seguintes da Sua posteridade para Seu reino? À terceira hora (às nove horas da manhã): "Saindo pela terceira hora viu, na praça, outros que estavam desocupados, e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e vos darei o que for justo" (Mt 20.3-4).
3 – Quando se abateram as terríveis trevas sobre toda a terra? À hora sexta (às doze horas): "Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona" (Mc 15.33). E quando os trabalhadores seguintes foram chamados para a vinha, ou seja, quando foram novamente chamados outros à posteridade no reino dos céus? À hora sexta (ao meio-dia): "Tendo saído outra vez perto da hora sexta..., procedeu da mesma forma" (Mt 20.5).
4 – Quando o Senhor Jesus Cristo deu o Seu grito abalador?. À hora nona (às três horas da tarde): "À hora nona clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mc 15.34). E quando foram enviados mais trabalhadores para a vinha, isto é, chamados ainda mais pessoas para a posteridade no reino dos céus? À hora nona (às três horas da tarde): "Tendo saído outra vez perto da hora... nona, procedeu da mesma forma" (Mt 20.5).
5 – Quando Jesus Cristo foi sepultado? Antes do anoitecer no dia anterior ao sábado (aproximadamente às cinco horas da tarde): "Ao cair da tarde, por ser o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado, vindo José de Arimatéia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus... Este, baixando o corpo da cruz, envolveu-o em um lençol que comprara, e o depositou em um túmulo que tinha sido aberto numa rocha; e rolou uma pedra para a entrada do túmulo" (Mc 15.42-43,46). E exatamente ao mesmo tempo, às dezessete horas, à hora undécima, na parábola foram novamente enviados trabalhadores para a vinha, ou seja, chamadas outras pessoas à posteridade no reino dos céus: "...e, saindo por volta da hora undécima, encontrou outros que estavam desocupados, e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então lhes disse ele: Ide também vós para a vinha" (Mt 20.6-7).
Essa comparação alegórica entre a morte de Jesus e a parábola dos trabalhadores na vinha nos mostra como através dos sofrimentos de Jesus na cruz, que ficavam cada vez mais intensos, a redenção se aproximava cada vez mais. Quanto mais se agravava Seu caminho de morte, mais resplandecia a verdade de que assim estava sendo preparado o caminho ao reino dos céus para a Humanidade.
Resumindo: cedo pela manhã começou o caminho da cruz de Jesus – e de madrugada vieram os primeiros trabalhadores para a vinha do dono da casa. À terceira hora (9 horas) Jesus foi crucificado – e à terceira hora foram chamados os trabalhadores seguintes para a vinha. À hora sexta (12 horas) se abateram as trevas sobre toda a terra – e à hora sexta foram chamados mais trabalhadores. À hora nona (15 horas) Jesus gritou Seu abalador "Por quê?" – e exatamente nessa hora foram novamente chamados trabalhadores na parábola. E à undécima hora (17 horas) Jesus Cristo foi sepultado; na parábola dos trabalhadores na vinha na mesma hora foram chamados mais uma vez trabalhadores. Aqui vemos claramente o que o profeta Isaías profetizou: "Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si" (Is 53.11).
Ao vermos tudo isso novamente hoje – essa maravilhosa obra do Calvário com seus grandiosos efeitos –, impõe-se a pergunta: o Senhor Jesus fez tanto por nós – mas o que podemos fazer por Ele?

O que podemos Lhe dar?

Oh! na verdade, nada! Pois conhecemos a nós mesmos e sabemos quão rapidamente novos propósitos e promessas são esquecidos. Apesar disso, devemos dar uma resposta ao Senhor! Talvez um acontecimento da vida de Pedro possa nos ajudar nesse sentido. Em certa ocasião, ele estava em Jope, na casa de um curtidor chamado Simão. Seu lugar de oração era sobre o eirado (terraço) da casa. Lemos em Atos 10.9: "No dia seguinte..., subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta". Se bem que esse texto na verdade não tem nada a ver com o Calvário, interessam as palavras "por volta da hora sexta". Portanto, Pedro subiu ao eirado ao meio-dia (12 horas) para orar. E quando começaram as três piores horas para o Senhor Jesus na cruz? Igualmente à hora sexta: "Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona" (Mc 15.33). É comovente o fato de que Pedro – consciente ou inconscientemente – tenha feito da pior hora de seu Senhor na cruz sua hora de oração diária! Pois podemos supor que não se tratou de uma oração única, ao acaso, mas de um costume regular. Como quer que seja, de qualquer modo, Pedro estava orando ao Seu Senhor na hora em que Jesus tinha passado pelos maiores tormentos na cruz. A pergunta é: o que podemos fazer pelo nosso Senhor Jesus; o que podemos Lhe dar? – na verdade, a minha e a sua resposta deveria ser bem clara: recomeçar uma vida de oração intensiva, baseando-nos a partir de agora conscientemente na morte de nosso Redentor! Em outras palavras: nunca mais oremos sem antes pensar porque podemos orar; sem que tenhamos completa clareza de porque temos o privilégio de orar; e sem estarmos plenamente convictos de que temos que orar! Pois: Jesus Cristo nos deu – através de Seus sofrimentos inomináveis e de Sua morte na cruz – a filiação pela qual podemos exclamar em oração: "Aba, Pai!" Sim, é o que está escrito: "E, porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai" (Gl 4.6). Amém. (Marcel Malgo - http://www.chamada.com.br)


Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, março de 1997.

Revista mensal que trata de vida cristã, defesa da fé, profecias, acontecimentos mundiais e muito mais. Veja como a Bíblia descreveu no passado o mundo em que vivemos hoje, e o de amanhã também.

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REPRODUZIDO DE: CHAMADA.COM.BR

domingo, 30 de março de 2014

VENCENDO O PECADO

Fatos Sobre o Pecado

Ao procurar a libertação do poder do pecado que habita em nós, há algumas verdades que podem ser especialmente úteis. Vamos considerá-las.

As duas naturezas

Devemos lembrar que existem duas naturezas em cada cristão (Rm 7.14-25). Uma é a velha natureza maligna e corrupta que nasce com ele. A outra é a nova natureza pura e santa que ele recebe na sua conversão. Podemos chamá-las a natureza de Adão e a natureza de Cristo. Um cristão explicou isso da seguinte forma: “O pecado foi retirado do meu coração, mas ainda imito o meu bisavô” (isto é: a velha natureza).
A velha natureza é completamente má. A experiência de Paulo também é a nossa. Ele disse:“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum” (Rm 7.18a). Portanto, nunca devemos procurar uma tendência boa na nossa velha natureza, e nunca devemos ficar desapontados ou surpreendidos quando não encontramos essa tendência boa. Ela não só é completamente má, é incuravelmente má! Depois de uma vida inteira tentando ser correta, ela não ficará melhor do que era quando essa vida começou. De fato Deus não tem interesse em melhorar a velha natureza. Ele condenou-a na cruz do Calvário, e quer que nos mantenhamos alheios a todas as tentativas que ela faz para controlar as nossas vidas.
Paulo igualou a velha natureza a um cadáver amarrado às suas costas. (É claro que o corpo estava se decompondo e cheirava mal.) Tinha que transportá-lo onde quer que fosse, o que o fazia gritar de angústia: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”(Rm 7.24)
A nova natureza é a vida de Cristo e por isso mesmo é totalmente boa, tendo capacidade para fazer somente o bem. É pura, nobre, justa, cheia de amor e verdadeira. Todos os seus pensamentos, desejos, motivos e ações são semelhantes a Cristo.
Não é de se admirar que duas naturezas tão opostas estejam sempre em constante conflito. (Seria quase impossível coexistirem pacificamente, não é?) Esse conflito tem início na conversão, quando o novo crente experimenta uma tensão interior que nunca experimentara antes. A velha natureza procura abatê-lo, mantê-lo em baixo, tal como a lei da gravidade, mas a nova natureza quer elevá-lo às maiores alturas da santidade.
A guerra é tão intensa que ele é por vezes levado a duvidar da sua salvação. Mas não deve duvidar. O próprio fato de experimentar este conflito, mostra que é possuidor da salvação. Se não tivesse duas naturezas nunca o experimentaria.
Este conflito tem sido comparado à experiência de Rebeca quando sentiu os gêmeos a lutarem dentro do seu ventre e gritou: “Por que sou eu assim?” O que aconteceu a Rebeca acontece nos corações de todos os verdadeiros Filhos de Deus, que procuram viver com Ele.
Quando ficamos conscientes da presença do Espírito, o traidor que habita em nós também se manifesta. O cristão novo tem vontade de gritar: “Porque eu sou assim?”
Quando ficamos conscientes da presença do Espírito, o traidor que habita em nós também se manifesta. O cristão novo tem vontade de gritar: “Porque eu sou assim?” O irmão mais velho, a carne, quer fazer tudo a seu modo. O irmão mais novo, o Espírito, é calmo e sossegado, parecendo incapaz de vencer. Mas para nós, tal como com os filhos de Rebeca, o mais velho servirá o mais novo. Porque Deus prometeu abençoar tudo o que vem do Espírito e não o que vem da carne. (Barnhouse).
A batalha que começou com a conversão continuará durante toda a vida. Nunca se está de licença nesta guerra, só a morte ou o Arrebatamento nos darão a liberdade, mas seremos libertados da nossa velha natureza no momento em que virmos o Salvador, pois ao vê-lO seremos feitos semelhantes a Ele.
É importante que nos apercebamos que todos os filhos de Deus vivem este conflito. Paulo recorda-nos que não sobrevirá nenhuma tentação que não seja “humana” (1 Co 10.13). Os jovens, lutando com problemas juvenis, estão inclinados a pensar que os mais velhos, ou os pregadores, os pastores ou os missionários estão isentos das paixões sombrias e das ardentes tentações. É um perfeito disparate! Tal como Rebeca teve dois bebês que lutaram no seu ventre (Gn 25.22-23), também cada crente tem duas naturezas que lutam no seu interior.
A velha natureza alimenta-se de tudo o que é impuro, enquanto que a natureza nova anseia pelo que é puro e santo. São como o corvo e a pomba que Noé deixou sair da arca. O corvo imundo alimentava-se de todo o lixo e podridão que flutuavam nas águas, mas a pomba regressava sempre à arca até ao dia em que pôde encontrar um lugar limpo para pousar e alimentar-se (Gn 8.6-12). Assim, a velha natureza deleita-se com a lascívia de Hollywood e a imundície da TV. Mas a nova natureza anseia pelo leite sincero da palavra de Deus. É importante saber que a natureza que nutrimos é aquela que irá vencer. Um homem queixava-se que os seus dois cães brigavam constantemente. Um amigo indagou: “Qual deles vence?”, ao que ele respondeu: “Aquele que eu incentivo”. É assim com as duas naturezas, aquela que incentivarmos irá vencer. O caso do cuco também ilustra este fato. O cuco põe um ovo no ninho de outro pássaro, depois deixa que a outra ave o choque juntamente com os seus ovos. Quando a mãe de outra espécie traz comida para o ninho, encontra apenas bicos abertos para a receber. Então, tudo depende do bico que ela vai alimentar. Se o jovem cuco for alimentado, irá expulsar os outros passarinhos do ninho empurrando-os para o chão. Assim acontece no ninho da nossa vida.

Foi a minha velha natureza que o fez

Não devemos desculpar o nosso pecado culpando a velha natureza. Essa forma de transferência de culpa não funciona. Deus responsabiliza a pessoa e não a natureza. Talvez já tenha ouvido a história do motorista, apanhado em excesso de velocidade, que disse ao juiz: “Foi a minha velha natureza que estava em excesso de velocidade”. Ao que o juiz replicou: “Multo a sua velha natureza em 50 libras por excesso de velocidade, e multo a sua nova natureza em 50 libras por ser conivente com a primeira”. Culpar a velha natureza não é uma boa solução.

Os atos de pecado e a prática do pecado

Outra verdade que devemos ter presente é que há uma diferença entre cometer atos de pecado e ser dirigido pelo pecado. Todos os crentes cometem atos de pecado apesar das suas vidas não serem dominadas pelo pecado. Não estão sem pecado, mas pecam menos.
Todos os crentes cometem atos de pecado apesar das suas vidas não serem dominadas pelo pecado.
Na sua primeira epístola, João deixa bem claro que os crentes pecam, afirmando que se o negarmos, enganamo-nos a nós mesmos e fazemos Deus mentiroso (1.8-9). Mas continua dizendo: “Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu. Aquele que pratica o pecado procede do Diabo, porque o Diabo vive pecando desde o princípio. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1 Jo 3.6,8a,9 – ARA).
O fato de João falar sobre o pecado é apoiado pela afirmação de que o Diabo pecou desde o princípio (3.8); sempre tem sido este o seu comportamento. Mas os crentes não são do Diabo; as suas vidas não são caracterizadas pelo pecado. Levanta-se, assim, a questão: “Quando é que cometer um pecado é praticar o pecado?” A Bíblia não responde a esta questão. Se o fizesse levaríamos a permissividade até aos seus limites máximos. O silêncio da Palavra de Deus serve como um saudável aviso contra todo o pecado.

É possível perfeição sem pecado?

Alguns sinceramente acreditam que é possível um crente atingir o nível onde já não se peca, onde se atingiu a perfeita santificação. Defendem que através de uma experiência de crise com o Espírito Santo, normalmente após a conversão, a natureza pecaminosa é erradicada e que depois dessa ocasião jamais se peca.
Quem defende estes princípios simplesmente não entende o que é o pecado. O pecado é qualquer ato ou palavra que não esteja exatamente de acordo com a perfeição de Deus (Rm 3.23). É insubmissão à lei, ou seja, a determinação de fazer a nossa própria vontade (1 Jo 3.4). Não é apenas fazer o que está errado, mas deixar de fazer o que está certo (Tg 4.17). É fazer qualquer coisa que a nossa consciência condene (Rm 14.23). “O pecado polui a melhor coisa que um crente possa fazer. Mancha o seu arrependimento. Há imundície nas suas lágrimas e descrença na sua fé”. Um homem santificado e muito espiritual disse que mesmo o seu arrependimento precisava ser purificado pelo sangue de Cristo. Outro, percebendo que tudo o que fazia estava manchado pelo pecado, escreveu:
As horas que passamos de joelhos em oração
Quando pensamos que os nossos 
cânticos de louvor vão Te agradar, 
Ó Examinador de corações, inunda-os de perdão.

“O cristão verdadeiro não é aquele que perdeu a capacidade de pecar, mas perdeu sim, o desejo e a vontade de pecar”. Agora ele odeia o pecado; quando peca envergonha-se e é inundado de um sentimento de impureza.
Mas alguém poderá perguntar: “Se um cristão não pode estar sem pecado, porque 1 João 2.1 diz: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis”? A resposta é que o padrão de Deus é sempre a perfeição. Um Deus santo não pode passar por cima de nenhum pecado. Ele nunca poderia dizer, por exemplo: “Pequem o mínimo possível”. Isso seria aprovar o pecado e Deus não poderia fazer isso. Assim o modelo que Ele tem para o Seu povo é a perfeição, mas Ele imediatamente tomou medidas preventivas no caso de falharmos. No mesmo verso pode ler-se: Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”. E, no capítulo anterior, Ele já tinha insistido que os crentes pecavam. Notem:
Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1 Jo 1.8).
Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1.10).
É verdade que há versículos que parecem dizer que um crente pode não pecar. Primeiramente Romanos 6.2 diz que o crente morreu para o pecado, mas refere-se à posição do crente em relação a Deus. Aos olhos de Deus ele morreu com Cristo. O velho homem foi crucificado com Ele. Mas, no verso 11, Paulo diz que devemos nos considerar mortos para o pecado e que essa deve ser a nossa forma de viver diariamente. Então, se o verso 2 significasse que não tínhamos pecado, a exortação do verso 11 seria desnecessária.
Antes de sermos salvos éramos escravos do pecado.
Há mais três versos que falam do crente tendo sido liberto do pecado (Rm 6.7, 18 e 22). Em todos eles o apóstolo usa a ilustração dos escravos e do senhor. Antes de sermos salvos éramos escravos do pecado. Com a morte de Cristo, morremos para o pecado como nosso senhor. Fomos libertos do domínio do pecado, tornando-nos servos da justiça e de Deus.
O Novo Testamento tem passagens que usam palavras como: perfeito, aperfeiçoado e perfeição, que poderiam levar o leitor mais descuidado a inferir isenção de pecado (Mt 5.48; Fp 3.12; Fp 3.15; 2 Tm 3.16-17; Hb 6.1; 9.9; 10.14, 13.20-21; Tg 3.2b; Ap 3.1-2).
Falando de um modo geral, a palavra perfeito significa completo, maduro, adulto. Ao ser aplicada a um crente que ainda viva na Terra, nunca poderá significar ausência de pecado. Hebreus 9.9 fala duma consciência perfeita perante Deus. Hebreus 10.14 refere-se a umaposição perfeita perante Deus.
Em 1 Tessalonicenses 5.23 encontramos outro verso que tem sido usado para ensinar perfeição sem pecado, mas aí Paulo está orando para que a santificação seja extensível a todo o ser do crente – espírito, alma e corpo – para que esteja irrepreensível na Vinda do Senhor.
Depois, também temos os versos bastante perturbadores da Primeira Epístola de João (3.6,9; 5.19). Como já foi explicado, estes versos falam de comportamento habitual, e por isso mesmo encontram-se no tempo presente. A pessoa que nasceu de Deus não pratica o pecado, não vive no pecado. O pecado não caracteriza a sua vida.
Mas devemos levar a sério a doutrina da perfeição sem pecado? Qualquer doutrina que vá contra a Palavra de Deus é um assunto sério. Muitos dos crentes honestos e sinceros, que se esforçaram por viver uma vida de perfeição sem pecado, acabaram desiludidos e, em muitos casos, sofreram de depressão e de esgotamento nervoso. No seu livro “Santidade, O que é Falso e O que é Verdadeiro”, H. A. Ironside nos fala sobre a sua própria fútil busca da santificação completa, o desgaste emocional que sofreu e da paz que inundou a sua vida ao descobrir a verdadeira doutrina da santidade cristã.

Não posso impedir-me de pecar

Não devemos dizer que temos de pecar. A Bíblia nunca afirma isso, e não é verdade. Ao dizermos que temos de pecar, estamos efetivamente duvidando que o Espírito Santo seja poderoso para nos auxiliar a resistir à tentação. Mas Ele tem esse poder. O problema está em nós, não nEle. Pecamos quando não fazemos uso do Seu poder. Pecamos quando queremos.
Dizer que tenho de pecar é negar os fundamentos do Cristianismo, porque o pecado não tem domínio sobre o crente (Rm 6.14); dizer que não posso pecar é enganar-me a mim mesmo (1 Jo 1.8). Dizer que não preciso pecar é afirmar um princípio divino porque a lei do Espírito da vida em Cristo me livrou da lei do pecado (Rm 8.2). Graças sejam dadas a Deus que nos dá a vitória.

Relacionamento e comunhão

Quando um crente peca, não perde a salvação, mas perde a alegria da salvação. A comunhão na família de Deus é interrompida, mas ele não perde o relacionamento com Deus. Através do novo nascimento, torna-se um filho de Deus, e isso nunca será mudado. No entanto, ao pecar, a comunhão com Deus fica interrompida, porque “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1 Jo 1.5). O feliz espírito de família continuará interrompido até o pecado ter sido confessado e abandonado (1 Jo 1.9; Pv 28.13).

Há pecados invencíveis?

O crente deve saber que há libertação para todo e qualquer pecado que cometa (1 Co 10.13). Todos nós temos algum pecado que nos atinge, um intruso que nos mantém em seu poder, um hábito que nos derrota. Quantas vezes nos desesperamos em conseguir, alguma vez, a liberdade completa e final! A verdade é que tanto a Palavra de Deus como a experiência humana mostram que não há nada grande demais para Deus, nenhum pecado ultrapassa o Seu poder.

Não um ato mas um processo

A libertação é um processo que passo a passo – não é algo que se consiga instantaneamente. A promessa é: “E a tua força seja como os teus dias” (Dt 33.25 – ACF).
No entanto, é igualmente importante saber que não haverá uma experiência única que nos dê a libertação de uma vez para sempre do poder do pecado que habita em nós. Infelizmente, este fato é muitas vezes negado na Igreja dos nossos dias. Os pregadores oferecem freqüentemente à audiência, um atalho para a santidade. Num emocional “apelo”, encorajam as pessoas a chegar à frente para receber a plenitude, o batismo, a vida de vitória. O povo é iludido ao pensar que tal experiência crítica irá impulsionar alguém, automática e permanentemente, para um nível mais elevado de santidade.
A libertação é um processo que passo a passo – não é algo que se consiga instantaneamente. A promessa é: “E a tua força seja como os teus dias” (Dt 33.25 – ACF). Quando nos dizem “enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18), o significado literal é “enchei-vos continuamente do Espírito”. É uma ação presente e contínua. Nenhuma “experiência de altar” que possamos ter tido na noite anterior poderá nos garantir a libertação para as tentações do dia seguinte.

O pecado voluntário

Muitos crentes sofrem de ansiedade desnecessária por pensarem que teriam cometido o pecado voluntário de Hebreus 10.26-27. Conjecturam que, ao usarem a vontade quando pecamsão culpados do pecado voluntário e estão condenados ao julgamento e ao fogo vingador que irá devorar os adversários de Deus.
Mas não é essa a verdade. É essencial apercebermo-nos que há uma diferença entre osatos de pecado e o pecado voluntário e obstinado de Hebreus 10. O pecado obstinado é a apostasia, e o verso 29 define-o como pisar o Filho de Deus, profanar o sangue do Testamento com que Ele foi santificado, e ultrajar o Espírito da graça. Nenhum crente verdadeiro pode, alguma vez, ser culpado disso! O fato de estar preocupado por pensar que cometeu este pecado é um indicador de que isso não aconteceu. Os que são apóstatas da fé cristã estão tão empedernidos e são tão arrogantes que nem sequer pensam nesse problema. Não temem a Deus ou o Seu castigo.

Ajuda ineficaz para a vitória

Antes de deixarmos a lista das coisas que devemos saber, é útil recordarmos que há certas atitudes e ações que não nos auxiliam na conquista da santidade. O ascetismo não ajuda. Em Colossenses 2.23 Paulo diz que apesar da tortura pessoal e da auto-negação terem a aparência de santidade, não “são de valor algum senão para a satisfação da carne”. Omonasticismo não auxilia. Podemos separar-nos do mundo numa cela de um mosteiro, mas não podemos separar-nos de nós mesmos e da nossa própria natureza. A introspecçãotambém não auxilia, não há vitória em nós mesmos; nos ocuparmos conosco é como lançar uma âncora dentro dum barco. A passividade também não é a resposta. A santidade não sobrevém a quem apenas espera passivamente por ela. Nem sequer sobrevém através de um intenso estudo da tentação.
Quanto mais pensarmos numa tentação, mais provável é que vacilemos. Por fim a vitória não se alcança por se desistir em desesperoIsso é a derrota, e Deus não pode usar crentes derrotados. (William MacDonald - http://www.chamada.com.br)

William MacDonald (7/1/1917 – 25/12/2007) viveu na California–EUA, onde desenvolveu seu ministério. Sua ênfase era de ressaltar com clareza e objetividade os ensinamentos bíblicos para a vida cristã, tanto nas suas pregações como através de mais de oitenta livros que escreveu.

Extraído do livro O Mandamento Esquecido: "Sejam Santos"

Uma vida moldada por Cristo – uma vida em santidade – seria uma utopia? Como posso dar um testemunho cristão digno de crédito?

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